ENSLAVED - Axioma Ethica Odini

Ano: 2010
Género: Progressivo/Black
Editora: Nuclear Blast
Line-up:
Grutle Kjellson - voz, baixo
Ivar Bjornson - guitarra
Arve Isdal - guitarra
Herbrand Larsen - teclados, voz
Cato Bekkevold - bateria
Axioma Ethica Odini é o 11º álbum de originais destes bárbaros noruegueses. Seguindo a direcção primeiro proposta em Below the Lights, de 2003 e sedimentada em Vertebrae (de 2008), os Enslaved soam agora àquilo a que eu gosto de chamar, construtivamente, os "Opeth do black metal". Isto porque o que encontramos neste álbum é uma mistura de géneros equilibrada e nada presunçosa, adjectivo que vemos muitas vezes associado ao extra "progressivo" no estilo de música praticado por cada banda.
“Axioma Ethica Odini” passou-me despercebido as primeiras 2 vezes que o ouvi, talvez devido a falta de atenção, mas tenho-o hoje como álbum do ano 2010. Penso é ser ainda demasiado cedo para o considerar o álbum derradeiro da banda, ao menos incitou-me a ouvir o resto do catálogo com mais atenção.
O que encontramos aqui? Parecendo que não, em parte devido aos tamanhos das canções e devido ao tipo de sonoridade algo extrema que o quinteto pratica, é um álbum que se torna gradualmente mais fácil de digerir. Desde os riffs clássicos à Black Metal, a simples progressões de acordes, interlúdios “retro” compostos de camadas de sintetizadores (“Axioma”), passagens acústicas, este cd contém aquilo que talvez seja a chave para a catchiness: a passagem do testemunho entre Grutle e Herbrand. Os shrieks de black metal dão frequentemente lugar aos refrões e passagens “limpas”, fabulosamente interpretadas pelo teclista.
Análise “faixa por faixa”:
1. Axioma Ethica Odini (7:59) – A tradicional faixa introdutória. Começando com um ranger de navios, entra logo a seguir “a matar”, lembrando o ambiente de uma “Entroper”. Troca de protagonismo vocal entre os 2 vocalistas, com Herbrand a cantar um dos refrões mais catchy do álbum. Quando já recebemos o suficiente destes riffs poderosos, as coisas acalmam com uma espécie de conclusão para a música, com mais um refrão bastante melódico.
2. Raidho (6:02) – Talvez a que gosto menos no álbum, tradicionais riffs de Enslaved com os shrieks desesperados de Grutle, de novo alternando com as passagens melódicas de Herbrand. Torna-se algo repetitiva, mas também é das mais curtas.
3. Waruun (6:42) – Esta é uma daquelas músicas que me trazem logo Opeth à cabeça (o riff inicial pesado e misterioso reminiscente de “Heir Apparent” dos suecos). Depois deste início misterioso, passamos para uma das minhas partes favoritas do álbum, com riffs variados e o som dos teclados old school que (felizmente) adoptaram.
4. The Beacon (5:38) – A faixa mais curta do álbum, sem contar com o interlúdio “Axioma”. Brutal, pesada, mexida, straight-forward, alternando entre diferentes riffs black metal.
5. Axioma (2:20) – Interlúdio de sintetizadores, bastante ambiental e psicadélica, lembra-me a banda sonora do Valhalla Rising. Perfeito momento para ganhar fôlego para o que aí vem.
6. Giants (6:37) – Primeira das minhas 3 favoritas do álbum. Mais uma vez temos um riffs à Opeth, excelentes vocais tanto limpos como de Grutle, que mostra aqui um registo mais grave. Refrão espetacular.
7. Singular (7:43) – Faixa bastante progressiva, com bons riffs, sendo um deles bastante estranho. Volta ao feeling das primeiras faixas do álbum.
8. Night Sight (7:37) – Outra das minhas favoritas do álbum, talvez a minha favorita de todas. E de novo tenho a sensação de estar a ouvir um cd de Opeth, com um início calmo e encantador, reminiscente do álbum Damnation . A música depressa ganha peso com um riff que mais me faz lembrar o clássico de Yes, “Heart Of The Sunrise”, com direito a pausas e refrões limpos. Grande faixa.
9. Lightening (7:51) – A terceira do “top 3”, com um início que faz lembrar a faixa de Mastodon “Ghost of Karelia” (de novo, num bom sentido), desenvolve-se em algumas das mais intrigantes melodias do álbum. O teclista/vocalista Herbrand Larsen demontra aqui o seu alcance e a sua sensibilidade melódica mais uma vez.
Em resumo, para os fãs de música dinâmica e variada, este é um bom álbum para se ouvir. Contém muitos dos ingredientes que penso serem decisivos no meu julgamento de qualidade, resta vocês experimentarem a ouvir se tiverem tempo e paciência

PS: Peço desculpa pela extensa review, e para além disso foi a minha primeira. Quaisquer incoerências, gramaticais ou simplesmente estruturais vão desaparecer ao longo do tempo (espero eu).